domingo, 15 de outubro de 2017

Inevitável

Eu prometi nunca mais voltar nessa bagaça, mas coitado do blog... acho que o infeliz nunca comeu tão bem quanto nesse ultimo mês. Esse ano inteiro ele passou fome. Não de uma maneira ruim, porque, por exemplo, 2015 eu só alimentei ele com desgraça. Esse ano pelo menos foram poucas coisas, mas ainda sim, boas.

Pois é, acho que a primeira coisa que eu verifico é que eu não tenho palavra. Eu tento, eu juro. No entanto, eu não consigo manter o que digo. Isso é varias coisas. É vergonhoso, é duvidoso, é perigoso, é foda.

Penso eu. Será que isso é falha no caráter?

A real é que desde pequeno eu nunca consegui ser alguém que respeitasse as regras, seja la quais fosse. Na escola eu não conseguia fazer o dever de casa. Em casa não conseguia amar as pessoas como se não houvesse amanha. Não respeitava as regras do meu próprio corpo, muito menos da minha mente.

Comecei a perceber que não era normal lá para meus 15 anos.

Meu apelido no curso de Design Gráfico era cheiroso. Isso mesmo. Eu fedia. Porque eu não respeitava as regras de higiene e a obesidade acarretava a situação. Eu não tomava banho todo dia e isso aparentemente era nojento. Não para mim. Eu não passava desodorante. Na epoca tinha um tal de Roll-on, o que deixou minhas axilas escuras e eu morria de vergonha. Uma vez passei tanto com vergonha dos apelidos que criou uma ferida e ai essa ferida fedia ainda mais.

Lembro da terceira serie do ensino fundamental. Eu gostava de correr na hora do intervalo. Como eu odiava a escola, correr era minha maior alegria naquele muquifo. Era uma escola particular aqui perto de casa e eu até que me sentia feliz e acolhido, tirando os problemas que ja deixei claro. Não eram disciplinares em relação a bagunçar em sala de aula, mas eu não seguia as regras e minhas notas eram uns horrores. Resumindo, eu corria no intervalo. E ai eu transpirava. Até então a professora só brigava pra eu não correr, mas cara, ela queria tirar minha alegria. Tinha coisas que eram inevitaveis e ela não podia me trancar na sala de aula.

Um dia eu corri demais, porem, era ensaio para a quadrinha e adivinha: As meninas estavam com nojo de dançar comigo. Só uma aceitou e era a mais quetinha da sala. A professora disse que ia dar um presente pra ela... Eu não chorei. Coitada da menina.

Anos depois, ainda no ensino fundamental eu fui fazer educação física e eu estava fedendo. Então um rapaz ficou caçoando de mim e eu larguei a aula no meio e fui para o banheiro me lavar.

É cara... foi díficil. Não é facil ser diferente nesse mundo que exige um padrão.

Mais tarde eu descobri (bem tarde) que eu poderia seguir essas regras de boa (e até tinha pre disposição para tal) e poderia ser diferentão no meu mundo que ninguem precisaria conhecer.

Porem eu tinha um problema com narcisismo absurdo. Eu me achava um genio e queria que todo mundo me aclamasse. Deprimente, eu sei, mas consegui resolver isso esse ano de certa forma. E com essa ultima experiencia traumatica, consegui me libertar dessa necessidade infernal. Acho que ja faz alguns tempo que eu parei de usar o facebook pra exibir meus pensamentos. Sei que eles são só meus e quem sabe um dia saia um livro, mas até lá, só meus.

Estou fazendo esse texto apenas por dois motivos: Esclarecimento e descarrego.

Criei outro blog, com um codinome, com um novo email. Estou postando meus pensamentos la e me sentindo feliz, mas não tem muita empolgação, faço mais porque não tem jeito mesmo, tinha dito que iria abandonar esse. Ainda vou mante - lo. E quem sabe continuarei esse. Não posso destrui-lo por culpa minha ou de alguem.

Tive que falar sobre a epoca que eu tinha problemas com mal cheiro, para explicar o quão foda - se eu sou para regras. E infelizmente esse foda - se bateu de frente com os sentimentos e motivos de uma pessoa. Minhas hipoteses são duas:

- Ou ela não esta pronta para isso e eu atropelei ela com um caminhão.

- Ou ela realmente não quer estar pronta para isso e eu atropelei ela com um caminhão.

Fico pensando se eu sou tão impossivel de se relacionar assim. Será essa a mensagem de Deus?

Fico pensando se ela é uma prova que eu não estou pronto para ninguem. mas fico tão triste por ela ter se machucado nesse processo... que terrivel. É quase como Judas. Ele tinha que ter feito aquilo com Jesus. Mas ele não tinha escolha?

Só sei que muita coisa mudou.

Acho que ela não tem mais carinho por mim e não a culpo.

Quando a minha raiva passa eu penso nela com carinho ainda. Mas ai eu tomo algumas pilulas de "vai toma no cu' e esqueço ela um pouco. Mas é um sedativo barato. Logo mais estou pensando nela com muito carinho e amor. Mas do que adianta? É como se eu tivesse quebrado um jarro muito caro e não tem como comprar outro ou colar caco por caco.

No final das contas eu fiz com ela o que eu tive tanto medo dela fazer comigo. Que merda. O universo é impiedoso. As coisas vão acontecer você querendo ou não.

Mas tudo é aprendizado. E eu tiro meu aprendizado disso.

O foda é que agora não tenho mais meu arco iris e se tenho, ele ta cheio de nuvens trovejantes querendo me acertar um raio no meio da fuça. Sei que mereço, mas não estou arrependido, tive meu direito no ato.

Apenas fiz como um espelho. Se ela não pode abrir mão do sentimento ou motivos dela, também não pude. Não que isso esteja certo, mas eu fui birrento. Só precisava esperar algum tempo para enfim acontecer nosso encontro, mas não deu. Eu fui ansioso. E pagarei por isso sozinho até o fim da minha vida. Porque agora que eu machuquei ela, eu não sei se quero mais pessoas perto de mim.

Os amigos velhos beleza, eles ja sabem quem eu sou. Mas novas pessoas? nem fodendo... tenho pena agora cara, deve ser horrivel se relacionar comigo.

E no final.. o monstro era eu. Deus sempre soube, sempre me disse.

Então eu queria pedir desculpas para ela, por ela ter sido o Judas ou o Jesus que provou que eu sou um lixo e mereço a solidão.

Estou orando para que a vida recompense ela, porque sei que não foi facil para ela também. Estou orando para que apareça um cara equilibrado e que ajude ela a ser menos solitaria. Eu tentei, eu juro, mas eu sou impetuoso, ansioso e atropelei ela.

Espero que quando aparecer um cara firmeza, ela tenha aprendido também a abrir um pouco mão do que ela sente. Dos medos, dos traumas, das exatidões do ser. Ela tem que entender que tudo o que ela é, que ela cobra, que ela tem medo, é como uma moeda de dois lados. O outro também terá direito do mesmo. Se ela não observar isso, será sempre essa pessoa que embora incrivel, também é dura teimosa. Portanto, quando aparecer a pessoa certa para ela, que seja saudavel.

No meu caso, não sei se esse monstro tem cura. Serio mesmo...

Hoje falei com ela. Na minha ingenuidade retardada eu achei que se eu explicasse ficaria tudo bem. Na verdade recebi um ataque verbal e senti o ódio de perto. Antigamente, nessas horas eu sabia ser cruel, eu sabia virar o jogo, sabia ser o vencedor. Mas e agora que eu abri mão disso?  Eu só queria a situação resolvida, mas o que eu plantei, eu colhi e eis o resultado. O foda é a dualidade na mente, ao mesmo tempo que me sinto culpado por ter estragado tudo, também mantenho a firmeza da da minha atitude que não foi atoa.

Então, por fim,  vou me relacionar com ele e ficar sozinho. Não vou machucar mais ninguem. É inevitavel.


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