segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Cronicas sentimentais - part 1: A raiva e o perdão.

Certo dia a raiva encontrou o perdão. A raiva era uma mulher linda com cabelos grandes que pegavam fogo. Seu vestido era como o de uma princesa e o tecido ardia também em fogo. Por onde ela passava, ela incendiava tudo o que seus cabelos e vestido tocavam.

Já o perdão era um rapaz jovem, de cabelos longos e vestes de ceda, em um tom de verde e azul claro. Ele estava sentado meditando em cima de uma grande arvore. A maior de todas naquela floresta.

Quando a raiva chegou, as arvores começaram a pegar fogo instantaneamente e um grande incêndio começou a tomar conta daquele ambiente.

- Não vai fugir? Perguntou a raiva.

- Não... respondeu calmamente o perdão.

- Se você não fugir, você vai morrer queimado! Não tem medo?

- Não... eu a perdoo.

- Idiota! Salve sua vida!

- Não preciso. Já sou grato pelo tempo que passei nessa terra. Não preciso de mais.

A raiva ficou indignada. "Como alguém poderia deixar a vida passar de uma forma tão calma?"

- Você não tem medo de mim?

- Tenho. Mas eu a perdoo.

- Para com esse papo fiado!

A raiva se enfureceu ainda mais e o fogo se intensificou.

- Vamos, lute comigo!

- Não preciso... você já perdeu essa batalha.

- Ora... mas que arrogância...

Então a raiva desembainhou sua espada de fogo e a apontou para o perdão.

- Vou te matar, você não é digno de viver!

- Que assim seja. Respondeu o perdão.

Então a raiva brandou sua espada e atacou o perdão.

Quando ela acertou seu pescoço com um único golpe, ele explodiu. Se dividiu em milhões de partículas de água que banharam aquele ambiente e apagaram todo o incêndio. Inclusive apagou a espada flamejante da raiva.

Então aos poucos o perdão foi se regenerando, criando novamente sua forma e continuou sentado no topo da arvore.

A raiva ainda mais enfurecida com a situação tentou acender novamente sua espada, mas em vão. Então ela começou a chorar. A espada quase começava a pegar fogo novamente, mas estava muito molhada. Então ela se sentou ao lado do perdão.

- Sabe... eu tenho medo de morrer. De deixar de existir...

- Entendo... Mas sabia que sem você eu não existo também? - Sem raiva, não há o que perdoar. É necessário o caos para que haja restabelecimento. Essa é a ordem da vida. caso contrario seria apenas um grande vasto de puro nada.

- Mas por onde eu passo eu destruo tudo...

- E eu reconstruo tudo. - As vezes algumas situações acontecem para que possamos aprender um pouco mais sobre a vida. Então quando você destrói e isso é inevitável, você também faz sua parte, mas é necessário que eu esteja por perto para fazer o perdão acontecer. Só assim há aprendizado.

A raiva olhou para a imensidão da floresta e ficou ali sentada ao lado do perdão por horas e mais horas sem dizer uma unica palavra. Hora ou outra, sem querer, ele ateava fogo em algo, mas o perdão estava lá para apagar.

- Bem... vamos levantar? Sugeriu o perdão.

- Mas para que? Perguntou a raiva.

- Temos um amigo para ajudar.

- Quem?

- O medo. Ouvi boatos de que ele esta por ai fazendo os seres vivos perderem as melhores coisas da vida. Graças a ele os homens fazem guerra antes mesmo de entenderem os motivos dos outros. O medo tem dominado o coração das pessoas. E também fiquei sabendo que ao lado dele anda um cara chamado egoísmo, que faz as pessoas tomarem atitudes totalmente contrarias ao amor, protegendo a si mesmas de algo ilusório.

- E eu pensando que eu era o maior problema dessa terra.. Respondeu a raiva se levantando também.

- Você por si só é caotica, mas você é filha de alguem, não nasceu sozinha. Seu pai é o ódio e sua mãe é a incompreensão. Mas não pense nisso agora, vamos partir.

Então ambas sairam pela floresta à caminho da cidade dos homens.



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