sábado, 3 de fevereiro de 2018

Ponto de fulgor

Cheguei no fundo do poço.
Mas não o fundo, ainda.
Apenas encostei meus pés na água suja do poço morto.
Ainda há esperança de sair, mas não há qualquer logica.
Passo meus dias traçando planos para conseguir de alguma forma.
Alguns planos são inteligentes.
Outros são óbvios.
Mas nenhum tem qualquer chance de eu colocar em pratica.
Porque justamente eu não tenho pratica.
Não tenho o que antecede a pratica

Sei que não posso sair dessa sozinho
Observo o tempo passar sem qualquer perspectiva
Caio sempre no mesmo erro, diariamente
Ordeno meus pensamentos mas eles me afogam
Rujo como um leão, mas o que sai é um grunhido
Revejo tudo o que sou
Ouço o som da morte bem de perto.

Não tenho mais ponto de fulgor.
Não consigo mais.
Não vejo valor na vida
Odeio quem me colocou nessa, mas não minha mãe ou meu pai. Coitados...
Eles tentaram...
Odeio o tal do criador.
Mas até nisso estou sendo burro.
Porque pode não ter criador.
Antes não tivesse. Antes não houvesse essa esperança morbida de um ser onisciente.
Antes eu acordasse e soubesse que é inteiramente culpa minha.

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