domingo, 13 de abril de 2014

Desde quando a vida deixou de ter graça?

Primeiramente, um sonho



Hoje acordei bem cedo, por volta das cinco da madruga boladona. Acordei de um sonho ruim. Sonhei que estava de volta a quinta serie e um professor tentava dar uma aula muito interessante. Eu, jeff da quinta serie, não me interessava muito por aulas e apenas assistia desanimado aquela cena. De repente ele começou a brigar com os alunos por conta da algazarra que tomava toda atenção da aula e enfim ficaram quietos. Como todo bom sonho meu, a lógica desaparece por um instante e um garoto tentava me maltratar. No mesmo momento eu levantei e tentei dar uma lição de moral nele. Falei tudo o que estava engasgado por anos e que eu não tinha cabeça para falar na quinta serie. Lembro-me das palavras:

"Você está fazendo o que aqui? O que você quer do futuro? Porque fica me enchendo o saco? Você é doente? Tem noção do que esta fazendo? Para com isso cara!"

Na minha cabeça, pensei que ele ouviria cada silaba e repensaria sobre seus atos, no entanto ele começou a dar risada e me segurou pelas costas. Chamou um amigo dele e começaram a tentar me bater. Enfim, na quinta serie eu era só um garoto assustado e por isso aprendi tudo quanto é tipo de arte marcial para me defender (muito embora nunca tenha usado, sempre resolvi na palavra (sigo a lei de jackie chan, para que bater se você pode correr(rsrs))) a questão é que aquele jeff do sonho era o jeff de agora e eu não ia deixar barato aquela afronta. Logo me preparei para o embate. Porem...

Sabe de uma curiosidade? Eu não consigo lutar nos meus sonhos. É realmente muito curioso isso, talvez não para você, mas para mim, é engraçado. Na hora da violencia eu perco todas minhas forças, é como se eu tivesse batendo com duas gelatinas em cada lugar dos musculos. E não é de hoje isso, nunca consegui bater em alguem em qualquer sonho.

Na realidade eu tambem nunca briguei com alguem. Sempre tive a capacidade de quebrar um braço e um nariz mas me falta força para machucar outro ser humano. No entanto, para me defender, claro, eu reajo muito bem. Enfim eu acordei propositalmente para sair daquele clima.

O que realmente interessa aqui, ou não. 

Tive que contar sobre o sonho, porque eu acordei de super mau humor. Não é um domingo como o sábado de ontem, que eu acordei consideravelmente feliz. Hoje eu realmente estava P da vida. (interessante como um sonho pode mudar o dia de uma pessoa não é?) Tomei café da manhã e percebi que ainda estava de noite. O que fazer então? Faz dois dias que eu exclui meu unico jogo do computador e as cinco da madruga boladona nada de legal passa na tv, fora telecurso 2000 que eu assisti trocentas vezes.
Então fui assisti um filme, lembrei de um que estava na minha fila mental: O fabuloso destino de Amelie Poulain ... que delicia cara!


Eu gostaria muito de fazer uma resenha sobre o filme, mas acho que oque eu consegui retirar dele é muito mais importante do que observações "técnicas".

Sabe? É meu tipo de filme favorito, aquele com historia, aquele com "sustança", aquele que poucos conseguem extrair o sumo real. Eis, na minha lista mental Forrest Gump, O curioso caso de Benjamim Button, a invenção de hugo cabret (um gosto especial por filmes franceses) dentre outros que contem uma historia. Não, não é uma historia qualquer. É aquela que faz diferença na sua vida, que revive o que estava morto em você.
 
 


A questão é que eu me reencontrei novamente nesse filme. Comparei aquele jeff da quinta serie que não tinha forças para machucar as pessoas, com esse jeff 8 anos mais velho que ainda não tem forças para machucar uma formiga. OK, eu mato pernilongos, mas são meus inimigos de carteirinha. Custava eles picarem e simplesmente isso? NÃO, eles tem que picar e deixar coçando e escolhem logo o meu pé. Não os suporto! Fora isso eu gosto de aranhas e formigas. As salvo quando vejo se afogando. Toda via odeio moscas. Que coisa..

Leia novamente o titulo do texto: Desde quando a vida deixou de ter graça? Desde quando? Como pessoas como eu podem se prestar ao tédio? (sim estou falando com você tambem bryda) como podemos nos prestar a tristeza? Se nós conseguimos enxergar a vida de uma forma tão maravilhosa e simbolica? Isso me faz pensar se é uma caracteristica de pessoas diferentes ou é algo global. Bem... como eu disse em outro post estou dando uma chance para as pessoas e hoje vou acreditar que é algo global, todo mundo é diferente. :D (só que não HEUEHUEHEUHE não tenho jeito mesmo)

Me identifiquei muito com a Amelie. Eu sou ela e ela é eu, um só. Mesmas manias, mesmas estrategias para lidar com a realidade. Mesmos prazeres pequenos. A unica diferença é que ela se sente feliz em ajudar as pessoas e ser anonima. Já eu sou mais exibido, a boa e velha vaidade que me consome. Eu até elogiaria a Amelie, se não fosse claro que o anonimato dela as vezes é pura covardia. Ok, até ai somos parecidos. Você acredita que eu exito em ajudar as pessoas até que eu tenha certeza de que elas realmente precisam de ajuda?

Outro dia no trem um cara estava dizendo que havia saído da cadeia fazia um ano e não conseguia emprego. Que saiu da vida do crime por conta dos dois filhos e hoje estava pedindo ajuda. Eu tinha 12 reais no bolso. Uma nota de 10 e uma de 2. Dei uma olhada e puxei a de 2. Olha só o drama: Se ele não chegasse ate mim, eu não teria entregue o dinheiro para ele. Fiquei uma eternidade pensando se eu dava a nota de 10. Quando ele chegou para pegar o dinheiro, eu disse: Boa sorte cara. Mas foi um boa sorte tão baixo que eu teria me matado se tivesse ouvido, ele agradeceu e pegou na minha mão...

Ah cara... que ridiculo. Acredita que eu tava com vergonha das pessoas me verem dando esmola? Ah cara... Que covardia. Outro dia uma menina tinha perdido o passe do onibus e tava super preocupada. Eu ia pagar a passagem dela e fiquei esperando a reação dela. Se ela ia pedia para descer ou sei la. 20 minutos depois ela achou o bilhete (uffa) Eu odeio quando eu presto ajuda a pessoa e ela recusa, mas agradece, sabe? Eu fico com uma cara de taxo... Outro dia um cara tava subindo uma avenida aqui, é tipo gigante e ingrime, parece as costas do sheelong. E ele tava levando aquela carroça de papelão. Cara eu ia ajudar ele, mas fiquei torcendo para ele ficar parado para eu oferecer ajuda. Eu fiquei pensando no que as pessoas pensariam de mim empurrando uma carroça.

"Nossa, coitado, deve ta precisando pagar os estudos" ou "Nossa que garoto legal"

E ai ele parou para pegar uns papelões e eu passei reto... vergonhoso. Eu me envergonho de ser eu as vezes. De ter a bondade de ajudar as pessoas mas ter vergonha de ajudar.. tsc tsc tsc

Até sai do rumo da historia. A Amelie se apaixona por um cara e eu não vou ficar contando a historia, quero muito que você assista o filme, ok? Sobre esse negocio da paixão, ja me ferrou de vez... PORQUE EU NÂO ACHO UMA AMELIE PARA MIM? a resposta é simples. Ela não existe. A contra resposta é mais simples ainda, eu não existo.

Sabe... aquele sonho contrastou muito com esse filme. Um mundo de sonhos e felicidade que eu vivia foi morto pela realidade. Eu precisei me adaptar a realidade para sobreviver a esse mundo cão. Logo, existem dois jeffs em mim. Um da quinta serie, outro do presente. Um que sonha com tudo e outro que vive angustiado com a realidade. De maneira alguma eu posso fazer o jeff antigo vir a tona. Eu morreria como um peixe fora d'agua. E de forma alguma posso deixar o jeff de hoje dominar completamnte, eu seria como uma pedra que exerce a sua função mas não tem coração...

Eu precisava MESMO de uma Amelie, alguem que reconhecesse esse jeff sonhador, colecionador, observador. Da mesma forma eu apreciaria cada detalhe dela, cada gesto, cada mania... Porque todo post eu tenho que me queixar disso? Acho que ja nao é queixa, é mais cronica a coisa. Ja não aguento meus amigos dizerem que ela vai chegar... eu não posso ficar sentado esperando o destino conspirar ao meu favor (muitoo embora eu adorasse que ele desse uma forcinha)

Acho que vou escrever um livro sobre isso. Aproveitar o embalo de um que ja esta em andamento e introduzir essa procura.. vai ser interessante.

No final das quantas, minha vida ainda tem graça. Mesmo sem uma Amelie, mesmo sem forças para bater nas pessoas, mesmo com vergonha de ajudar, mesmo com tudo isso, essa é a graça, esse sou eu. E espero aqui que alguem me reconheça no meio a multidão :)


Então eu finalizo mais um post que começa de um jeito promissor e termina vergonhosamente vergonhoso. Se acostume, minha mente é assim, agora penso em como solucionar a fome mundial e amanhã penso no quanto patinhos de borracha são um mistério para a humanidade, alem de engraçadinhos, claro. 


Até novos ventos o/

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