sábado, 5 de novembro de 2016

Sobre o amor 2016

O quanto você aguenta sofrer por amor?

Eu nunca aguentei sofrer por amor, tampouco tive a presença do amor durante a minha vida.
Durante a minha infância eu estava diante de uma guerra familiar. E nem precisava ser uma família grande.As duas principais pessoas que me mostrariam como amar estavam constantemente se matando.

Então minha primeira definição de amor era: Politica.

Meus pais não se abraçavam, beijavam, diziam coisas bonitas e carinhosas. Dizem que os alemães e japoneses não tem la tanto sentimento, mas meus pais eram nordestinos, o que é muito estranho.

Não tão estranho quando você da uma rastreada na história de vida deles.

Meu pai desde pequeno, trabalhou na lavoura cortando folhas de carnaúba. Cresceu sem minha avó para lhe dar carinho e tinha que cuidar dos irmãos dele.

Meu pai é quase como um fenômeno na sociedade. Muita gente acha que pra ter sucesso, tem que ter dinheiro. Não... Se você esta no ponto -1 e vai para o +1 por exemplo, já é ter sucesso.

Hoje ele é graduado em engenharia ambiental e pós graduado em engenharia de segurança na USP.

Ele começou a fazer faculdade em 2009. Fazem quase 10 anos que eu vejo meu pai estudando sem parar, de segunda a segunda e ele é um orgulho do caralho pra mim.

Ou seja, o cara não teve ninguem para influenciar-lo. Ele por si proprio descobriu que se estudasse chegaria a algum lugar. Ja foi bombeiro, ja foi clinico, ja foi segurança. Meu pai é o cara nesse quesito, se um dia eu chegar a algum lugar será muito graças a ele.

Porem, nessa tragetoria ele nunca se atentou tanto a carinho. Pra ele trabalho é algo realmente importante, carinho pode ficar em segundo plano. E ai entra a minha mãe.

Minha mãe, desde pequena sofreu as mazelas de uma familia sem estrutura alguma. Eles viviam na cidade, mas não tinham a menor instrução de como fazer uma familia dar certo de verdade.  Diante dos problemas eles se agrediam, gritavam, se matavam ao inves de se amar.

Então minha mãe cresceu criando defesas internas contra o mundo. Toda vez que ela sofria, criava dentro de si uma forma de se defender do mundo e isso envolvia muita esperteza emocional.

Ela nunca teve oportunidade de estudar e se teve um dia, não teve estrutura mental para entrar nesse mundo. Portanto ela cresceu e criou uma esperteza natural, é meio dificil descrever minha mãe. Porque acima disso tudo, ela também foi uma pessoa muito boa nessa vida. Diante da maldade ela conseguiu fazer diferente.

Então eles se conheceram e eu sei la como diabo eles se gostaram, ou se gostaram em algum momento. Não consigo imaginar  um dia eles se amando...

O tempo passou e a relação deles deram certo de alguma forma. Antigamente as pessoas se juntavam e pronto, se aturavam. Hoje em dia nossa geração quer o melhor do outro e não o pior. Por isso as relações são tão descartaveis.

Meus pais então se aturaram e eu nasci. Eu fui planejado (eu acho) e tirei milhões de fotos quando eu era bebezinho... minha mãe me amou da forma dela. Eu era o famoso filhinho de mamãe.

Ela nunca me deixou largado na sujeira, nunca me deixou sofrer atoa, sempre cuidou de mim. Eu não sei se ela fez isso porque me amava de verdade ou se ela queria aparecer pros outros. Bem... não vou questionar isso, pois só ela sabe e ja passou.

Nessa onda minha mãe era muito atenciosa, mas como eu disse, meu pai não tinha atenção, era mais focado em trabalho. Com o tempo minha mãe foi murchando diante da relação.

E claro, brigas eram algo constante. Pura falta de estrutura para entender como funcionava uma relação. Minha mãe era uma pessoa que focava muito no passado. Pessoas assim não vão para frente e não resolvem nada, elas sentem prazer em reclamar e acusar.

Cresci vendo eles brigam por coisas que resolveriam com amor e compreensão. Meu pai poderia tomar atitudes que agradavam minha mãe e não fugir toda vez que ela criava uma situação problematica.

Alcoolismo, traições (emocionais) e clima de conflito. Foi isso o que eu conheci.

Minha irmã nasceu e as coisas pioraram, acho que fui feliz até meus 8 anos de idade. Mesmo diante disso eu era só uma criança, quando eles brigavam eu ficava com medo, mas eu continuava a viver.

Um dia indo para a escola, olhando pela janela as pessoas passando na rua eu fiz as contas.

"-Eu... sou feliz?"

Pensei em toda minha vida desde então e o quanto meus pais brigavam, o quanto minha casa era um lixo e o quanto eu era desrespeitado pelas pessoas. A partir daquele dia eu conheci a infelicidade.

Os problemas aconteciam em minha vida e eu me comportava como meu pai. Ou eu fugia, ou eu me defendia emocionalmente.

Para completar minha desgraça, eu inventei de ser preguiçoso e obeso.

A sociedade não me recebeu bem, obviamente.

As coisas pioraram. Meu interior ficou muito estrategico, muito frio e dai para frente foi ladeira abaixo.

A minha primeira namorada (virtual) se chamava Brenda. Divina.mse

Eu gostei muito dela e por um tempo a gente foi muito feliz diante dos nossos 14 anos de idade.

Depois de um tempo os demonios comeraram a aparecer. Não fiz ela sofrer eu acho, não me lembro, mas nosso namoro terminou por idiotice minha. Eu fui parando de falar com ela.

Olha sinceramente não vale a pena eu descrever todas as minhas desgraças amorosas aqui, pois é um blog todinho dedicado a isso. Mas tudo aquilo que eu vi meus pais passar se reproduziu nos relacionamentos.

Pior de tudo é que eu era totalmente contra e critico ao que eles faziam. Como então eu reproduzia?

Simples, inconsciente.

Meu insconsciente não sabia o que era amor, não sabia o que era uma relação saudavel.

Enfim os anos passaram, eu chorei horrores sem saber o porque minha vida dava tanto errado.

Passei por uma adolescencia dificil, onde as defesas reforçaram. A obesidade era um impercilio para que eu manifestasse relações amorosas boas em minha vida e as crenças limitantes eram das piores.

Eu simplesmente não achava que merecia um amor em minha vida. Amor era questão de merecimento.

Ai apareceu a dada esse ano. Foi algo lindo, maravilhoso, brilhante e fantastico. Finalmente um amor em minha vida e sabe o que eu fiz? TUDO DE ERRADO.

Como uma onda eu reproduzi toda a desgraça que meus pais me ensinaram através de minhas atitudes. Eu fui orgulhoso, frio, idiota, maldito e toda maldição que eu possa denominar em palavras... mas que merda!

Estou digitando esse relato pois agora a dada não é mais aquela dada boazinha que eu conheci. Ela já não gosta tanto assim de mim e eu não posso fazer tanta coisa para reverter isso.

E pior, o jeito que eu tenho para reverter isso é tendo paciencia. Coisa que eu estou tendo que ter no limite. mas fazer o que né...

Mas aprendi lições valiosas. Hoje eu consigo valorizar um amor melhor do que antes e aos poucos eu vou tirar essa nhaca de mim.

Espero que quando eu voltar nesse blog eu ja tenha conhecido outra pessoa e esteja bem melhor que hoje.

Até novos ventos o/

Nenhum comentário:

Postar um comentário